Tem exatamente um ano que eu escrevi um texto de "livramento" pelo término de um relacionamento abusivo.
Um ano passou e "antes só do que mal acompanhada" ainda persiste, mas o "só", está solitário demais. É difícil não ter com quem conversar, com quem dividir as angústias e alegrias, é difícil ser responsável por tudo e ter que ir atrás de todo e qualquer conhecimento necessário para se criar um filho.
Já não bastam as dificuldades físicas, as psicológicas agora também pesam igualmente (isso se não pesam mais).
Minha cabeça nunca mais foi a mesma, e por mais que eu tenha dias bons, eles ainda são minoria e se eu tivesse direito a pedir algo, pediria pra deixar de existir. Não aguento mais a solidão, não aguento mais cuidar da minha filha completamente sozinha em todos os sentidos.
Não sou mais um ser humano, sou mãe. Não sou mais mulher, sou mãe. Não existe mais Juliana, existe só a mãe da Thalia; E isso não é um conceito meu, é o que o mundo me mostra. Não sei nem responder quando foi a última vez que ouvi pergutarem: "Como você está?", mas também não importa, quando a pergunta surge, ela é retórica.
Enfim, eu sei que absolutamente ninguém vai ler isso. Ser invisível no mundo real nos torna invisível no mundo virtual também.
Eu só queria descansar, minha alma morta não aguenta mais carregar essa vida vazia e sem sentido. Eu só queria deixar de existir, não aguento mais sofrer.
E se um dia eu tiver coragem de acabar com tudo isso, não quero choro, não quero lamentação. Ninguém faz nada por mim em vida, não quero que façam pela morte.
A culpa é de vocês, guardem suas lágrimas de crocodilo pra quem gosta de retóricas.
Eu odeio a sociedade, eu odeio as pessoas, eu odeio o que vocês fizeram com o mundo.


A gente nunca acha que vai acontecer com a gente. Mas acontece, no mundo de hoje, nenhuma mulher tá imune a um relacionamento abusivo.
Esse texto além de um desabafo, é um livramento. Tem 6 meses que a minha filha nasceu. Até o nascimento dela eu tinha um companheiro: O pai. O pai que prometia céus e mares para ela e para mim; O pai que se mostrava carinhoso e preocupado... Até a página dois.
Minha filha nasceu de uma cesariana vinda do que desconfio ter sido violência obstétrica (Mas esse é outro relato). Fomos liberadas do hospital após 3 dias do parto... Chegamos em uma casa suja, desarrumada e nada de acordo com o combinado. Eu tinha que cuidar da bebê, da recuperação da cesariana, do puerpério, baby blues (ou depressão, não sei. 6 meses e ele ainda não foi embora?!) e mais um turbilhão de coisas que a maternidade traz... Ah, mas e o pai? O pai tava jogando no computador, saindo pra caçar pokemón e ser assaltado, fazendo bagunça na cozinha e no resto da casa. Estava fazendo qualquer coisa que não fosse cuidar de mim ou da filha que ele dizia tanto amar. Aguentei essa barra até o 3º mês de vida dela, mas ficou insuportável. Ele não me ouvia, não conversava comigo e tudo o que eu falava era considerado "mimimi". Botei ele pra fora de casa e tudo o que ele fazia era perguntar se a bebê estava bem e toda vez que tentávamos falar sobre aquilo que a gente chamava de relacionamento, dava briga. Ele nunca tava interessado em conversar, entender... Ele sempre tentava apenas provar que o ponto de vista dele tava certo e sequer se importava em ouvir o meu.
Ainda havia amor, havia dependência psicológica, havia o pensamento de "vamos ser uma família, minha filha não merece isso".
3 meses depois tentamos denovo. Não durou uma semana... Ele estava pior. Jogava, se achava o melhor pai do mundo por ficar 15 minutos com a menina no colo para eu fazer café para NÓS...
O ápice foi quando ele foi pra casa do pai dele passar a noite (que durou uma semana), no dia em que eu estava apresentando reação alérgica ao produto de limpeza que usei pra lavar o banheiro que ele nunca se dignou a limpar. Olhos lacrimejando, espirros contínuos, mão queimada... Nada despertou a empatia dele. Não importou se eu tinha condições de cuidar da nossa filha, seu tive febre ou não, se eu tinha condições de comer ou não. No outro dia a reação piorou, e ainda se agravou mais quando uma das mamas empedrou.
Foram os 3 piores dias da minha vida. Mas ele tava mais preocupado em postar no facebook como eu "adorava acordar ele grosseiramente pra brigar". Ele não se importou comigo e nem com a filha que ele dizia tanto amar.
Agora veio entregar presentes de natal da filha e aproveitou pra falar que eu sou louca, retardada e que a culpa de todo fracasso do relacionamento é minha...
Ele que era o senhor desconstruído, melhor homem do milênio... Não passava de mais um machista nosso de cada dia.
Agora sigo aqui, aceitando que na verdade sempre fui mãe solo e que mãe solo sempre vou ser, pois já diz o ditado: "Antes só do que mal acompanhada".
Agradeço ao universo por me permitir enxergar isso e peço força para lutar contra a depressão. Preciso dar o segundo passo, o primeiro já é esse aqui.



Em 2013 a gente se conheceu. Ele era tão legal, engraçado, espontâneo... O tempo voava perto dele... A amizade foi instantânea. Nos conhecemos porque começamos a trabalhar juntos.
Eu tinha acabado de sair de um relacionamento que eu acreditava ter sido o mais pleno da minha vida, o mais pleno e o que mais me devastou pela forma que terminou.
Não demorou muito para a amizade profissional se tornar pessoal também. Te levei pro meu rolê. Lembro bem, era véspera do feriado do dia do trabalho. Tinha muita risada, cerveja e tequila... Aquelas saídas de bar que no outro dia você não tem certeza se saiu mesmo ou se sonhou com um clipe da Katy Perry. Lembro do beijo desajeitado e com muito bafo de álcool de ambos. Tinha tudo para ser um péssimo beijo, mas tenho boas recordações dele.
A gente não se assumiu. Se pegou, se apegou e não se assumiu. Por inúmeros motivos não nos mostramos pra ninguém... Até que sucumbiu, tipo o motor do carro velho que começa a faiscar e encher o motorista de esperança pra depois se afogar e nunca mais dar sinal de vida. Era esse nosso "relacionamento".
Você seguiu em frente bem rápido. Arrumou alguém como o atendente grita "-PRÓXIMO" pro cliente da fila. Nem liguei, de verdade. Eu estava pouco me fudendo pra relacionamento alheio, ainda mais se estivesse sendo construido no intuito causar ciúmes.
Mais de um  ano depois, algo aconteceu. Não sei dizer o que, porque, quando ou como...Mas acendeu e fluiu e naquele fatídico 9/08/2014 se dava início a maior mudança da minha vida.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...